Estava regressando a minha residência ontem à noite (31/07) quando verifiquei uma movimentação um pouco anormal. Haviam várias pessoas na rua, inclusive minha mãe que me informou o que acabara de ocorrer. Quatro pessoas, supostamente policiais militares à paisana, desceram de um Citroen e atiram na direção da quadra de futebol da comunidade da Cotia, próximo de minha casa, e depois foram embora. Não sei ao certo o motivo dos tiros, mas duas pessoas foram atingidas. Fiquei uns 15 minutos tentando saber quem seriam, pois conheço muitas pessoas que moram lá. Até que fiquei sabendo quem era um deles. William Barbosa, meu amigo de infância. Ele chegou morto ao hospital do Andaraí com um tiro na barriga. Fiquei transtornado. Como pode uma pessoa boa, trabalhadora, sem o menor envolvimento com o tráfico, ser assassinada em um ato tão inconseqüente como esse.
Com a chegada desta informação as comunidades em volta se mobilizaram. Revoltados, fizeram o que todos devem ter visto pela televisão e jornais: Destruíram ônibus, carros, além de tudo o que se costuma fazer quando acontecem fatos deste tipo.
Não concordo com esses atos de vandalismo, lógico, mas prefiro não entrar nesta questão. Seria hipocrisia da minha parte nesse momento em que o emocional fala mais alto. O fato é, que mais uma vida se foi e com ela o sonho de dar uma vida de qualidade ao filho que mal tem de um ano idade. Mais uma vida que foi interrompida estupidamente. Ele encarava as dificuldades de todo jovem pobre e sonhador. Estava muito feliz, tinha comemorado o aniversário de um ano do seu filho(foto). Trabalhava como assistente administrativo e ganhava apenas o suficiente para pagar alguns créditos da faculdade, quando não a trancava, como fez várias vezes por não ter dinheiro para pagar. Gostava de contar estórias, rir. Pela manhã quando iamos trabalhar gostava muito que brincar com os amigos no ônibus - ele conhecia a maioria dos passageiros, inclusive o motorista e o cobrador. Quando não fazia isto, gostava de ouvir a Rádio Globo logo cedo, na condução mesmo. Dizia que queria ficar informado. Gostava de samba assim com eu, aliás, quantas vezes acompanhamos a escola de samba do bairro, a Lins Imperial, na bateria claro, fazendo a galera sambar. Lembro-me das festas Juninas. Ele com a sua alegria, comandava a quadrilha junto com uma amiga sempre vestidos de noivos. Fatidicamente estas festas foram realizadas na mesma quadra onde anos mais tarde, sua vida seria tirada
Enfim, um amigo se foi. Mais um! Fico na esperança que os verdadeiros culpados sejam presos e punidos, embora acho muito difícil que isso aconteça. Que reflitamos mais sobre todas essas coisas que acontecem na nossa cidade.
Peço a comunidade muita calma, muita calma mesmo! A Deus peço que olhai por todos Nós e ao William, sei lá ... o que dizer ... que continue sempre sorrindo, onde quer que esteja!
Aos que não estão ciente, segue link da matéria no Globo On Line: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2007/08/02/297075041.asp